Millôr Fernandes: perdemos um gênio

Quero compartilhar minha tristeza com a partida de Millôr Fernandes, (Milton Fernandes, se preferir), ele morreu aos 88 anos.

Em menos de uma semana perdemos dois gênios. Chico Anysio se foi, deixando a lacuna, depois foi Millôr.

Lembrei quando morreu José Saramago e conversando com o amigo, escritor, crítico, professor, poeta e pesquisador da obra e vida de José Saramago,  Pedro Fernandes de Oliveira Neto, tentando consolá-lo disse uma frase idiota, típica de quem não entende o valor de um ser humano como Saramago e Millôr, disse que ele tinha feito muito e que já estava no momento de partir para dar espaço para novos escritores com novas ideais e visões do mundo. 

Eu errei, assim como estes mestres, Millôr fica na imortalidade e será sempre insubstituível, assim contrariando a visão de mundo vigente.

         Millôr não era hipócrita, dizia a verdade nua e crua, sem medo, com medo talvez, e assim se tornara ainda mais criativo. 


Na ditadura militar foi um dos fundadores de “O Pasquim”,com bom humor conseguiu “burlar” muitas vezes os censores e colocar á amostra as misérias do país. 

Na atualidade foi um crítico da sociedade, em um de seus artigos publicados na revista Veja, um dos meus favoritos, me fez refletir, Millôr não era um 
humorista, nós que achávamos graça de nossa própria ignorância.

         Chegou a dizer que "Eu não sou um grande humorista. Sou apenas o sujeito mais engraçado, da família mais engraçada, da cidade mais engraçada, do país mais engraçado do mundo.” 

         Então quem era Millôr? Jornalista, escritor,cartunista, dramaturgo? É pouco, ele era muito mais, era um gênio, entendido por quem tivesse a mente aberta suficientemente para entende-lo, desmitifica-lo, não muito, pois era impossível, você encontrará vários 
sentidos em uma única frase. Sou ignorante de Millôr, mas continuo seu fã, de seus contos inteligentes, de suas frases, sua tirinhas, seus gritos literários.

         Em um de seus livros de pensamentos (todos os livros são de pensamento), disse:“Não respeito nenhum movimento feminino que não cuide, em primeiro lugar, das desgraçadas empregadas domésticas, ainda hoje tratadas como caso de polícia. Mas acho natural que deem a elas um quarto sem banheiro. Pois, como sabe qualquer sociólogo brasileiro, no Brasil só as granfinas tem xoxota.” 

         Meus lideres estão morrendo, e me pergunto quem pode substituí-los, quem terá coragem de dizer o que não temos coragem de falar. Perdemos uma referência intelectual neste país acomodado, mas que tanto tem que se orgulhar e tem que demonstrar e fazer valer o seu valor. 

         Precisa-se de intelectuais que falem português, que faça da palavra uma arma, capaz de melhorar a educação, a saúde e o espirito de todos nós.

Por: Cleber Benvindo

Referências:

(Fernandes, Millor, O livro vermelho dos pensamentos de Millôr – 2005, 2ª ed. rev. ampl. , Ed. Senac, São Paulo).
Internet:http://www2.planalto.gov.br/imprensa/notas-oficiais/nota-de-pesar-da-presidenta-dilma-rousseff-pelo-falecimento-humorista-millor-fernandes/view acesso em 28/03/12.

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